Neopeleguismo: sindicatos a serviço do presidente LulaEm defesa de seus pontos de vistas, o jornal carioca O Globo, posando de bom moço, atacou recentemente a decisão do presidente Lula de vetar a fiscalização das contas dos sindicatos brasileiros pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
Assim, na edição de 3 de abril, a chamada da matéria da página que abre o caderno O País já predispõe o leitor a se colocar como adversário do veto assinado pelo ex-sindicalista:
Festa oficial para a gastança: Lula recebe 50 sindicalistas para comemorar veto a prestação de contas ao TCU
Conforme a reportagem, o veto "foi comemorado numa animada solenidade, (...), no Palácio do Planalto". Inclusive, acrescenta a repórter, a "festa" teria acontecido a portas fechadas e só por causa do protesto dos jornalistas é que as portas foram abertas aos membros da imprensa. Ou seja, pelo tom das primeiras linhas o jornal busca enviesar a leitura do episódio fazendo crer que o veto e o encontro dos sindicalistas com o presidente ocultavam algo muito errado.
O ministro do Trabalho, Carlos Luppi (na foto acima), era - destaca a repórter - um "dos mais exaltados ao defender a conquista do lobby sindical". Na mesma reunião, "outras seis centrais" sindicais estariam pedindo registro, "já de olho no imposto sindical". No fundo, todo este movimento do assim chamado lobby sindical representaria uma "nova facada no bolso" do trabalhador, justificando, por isso, o alerta lançado pelo jornal da família Roberto Marinho.
O ato de Lula, conforme um box na mesma página, seria derivado de "um entendimento capcioso e corporativista do que é autonomia sindical", merecendo o assunto ser levado ao "Supremo Tribunal Federal", pois isto abriria "grave precedente num país onde um dos esportes prediletos é descobrir atalhos obscuros para se invadir o Tesouro".
Da maneira como o jornal carioca apresenta o episódio, tudo leva a crer que Governo e os Sindicatos estão de conchavo para prejudicar a classe trabalhadora.
