sábado, 29 de março de 2008

MST e O Globo

"Cai a máscara" do Movimento dos Sem Terra, denuncia O Globo

Mais um editorial do jornal carioca ataca o MST. Na edição de hoje, 29/03, as razões para a "denúncia" dizem respeito ao desvio de R$ 4,4 milhões recebidos do Ministério da Educação pela organização para "alegadamente alfabetizar jovens e adultos" em seus assentamentos.

Conforme o editorial, "não se trata de mais um desvio de dinheiro público", mas o episódio "vai além de um escândalo trivial". É, na verdade, "um golpe". Neste sentido, afirma o jornal, tal revelação

"mostra o que já era visível, mas faltava comprovar: dinheiro do contribuinte repassado pelo governo ao MST com suposta finalidade social é gasto de forma diversa, no financiamento de ações violentas, ilegais, contra o estado de direito".





MST e O Globo

Movimento dos sem terra e as Organizações Globo

Em
O Globo de hoje, 21/03/08, foi publicado mais um editorial contrário ao MST. Destacarei alguns trechos e espero que leiam e comentem.

A liminar concedida (...) contra o coordenador-geral do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, é um alento por reafirmar o papel do Poder Judiciário como zelador do estado de direito, função essencial na defesa do regime democrático.


Quanto ao fato de caber ao Judiciário "zelar pelo estado de direito" no país, parece-me ser um truísmo que não se pode contestar, porém, o "alento" suscitado pela liminar denota, claramente, o viés pelo qual o editor do jornal dará prosseguimento ao seu texto.
Ainda que, não se pode negar, seja legítimo de sua parte assim se manifestar.

Ignoro se os colegas estão acompanhando a atual investida do MST contra os interesses da mineradora Vale, ex-Vale do Rio Doce. Bem, os militantes do movimento estão opondo obstáculos ao transporte ferroviário que sai da Companhia para o escoamento de milhões de toneladas de minério de ferro.
De acordo com o editorial do jornal carioca,

Faz tempo que o MST se descolou da questão da reforma agrária e se converteu em uma organização política radical, semiclandestina, (...) com uma face operacional, patrocinadora de ações que começam a ganhar roupagem de terrorismo.


Sobre esta alegada mudança de rumos do MST não tenho como argumentar, já que sou desconhecedor das políticas do movimento. Mesmo assim, penso que é grave a acusação do periódico,
aplicada ao MST, de "terrorista" .

O jornal prossegue em suas investidas, afirmando que o movimento

age à margem da lei e contra ela, financiado pelos contribuintes brasileiros, à revelia deles. Veremos se as diversas instâncias de governo, que devem coibir - mas não o têm feito - ações de bandoleiros do MST, desobedecerão à lei.


Novamente, acho que as palavras do editorial são muito duras e, no papel de formador de opinião, o jornal inevitavelmente pode jogar seus leitores contra o MST. Aliás, por certo é esta a intenção do diário carioca. Encerrando o texto, o editorial desenha um cenário de caos:

Dependerá do desfecho desse caso um alerta para a sociedade se preparar para tempos difíceis, em que a ordem constituída será cada vez mais desrespeitada pelas próprias autoridades. Não parece ser esta a postura de Lula, mas depende muito dele a preservação da segurança jurídica no país, sem o que todo o avanço econômico e social decorrido nos últimos anos se perderá.

Como fica evidente neste último parágrafo, O Globo atribui ao presidente Lula um pouco de responsabilidade ou conivência com uma suposta quebra do estado direito.

sexta-feira, 28 de março de 2008

Oriente Médio

Corrida armamentista nuclear nos países do Oriente Médio

Onze países árabes declararam ter interesse em desenvolver tecnologia nuclear. Pelo menos é o que o colunista do Jerusalem Post, Michael Freund, afirma saber. E isto seria, segundo Freund, o preço que Washington paga por sua obsessão com os palestinos.

Conforme seu argumento, o tempo que os diplomatas norte-americanos gastam "batendo suas cabeças contra o muro palestino" eles estão deixando de observar uma questão que ameaça estremecer os fundamentos da região inteira, ou seja, o perigo crescente de uma corrida nuclear no Oriente Médio.

Freund aponta que, ao não conseguir interromper o plano atômico do Irã, o Ocidente deixou em aberto a possibilidade dos outros países da região, incomodados com a presença de Israel, também se armarem. Pois, à medida que se desenvolve a sensação que Washington não teve vontade firme para parar o programa nuclear de Ahmadinejad, os outros países da região não encontrariam razões para igualmente manter-se neutros.

O colunista não acredita que as razões alegadas por alguns estadistas árabes para desenvolver a energia nuclear em seus países - uma alternativa energética - deva ser levada a sério. Por conseguinte, Freund alerta que, para Washington, somente resta uma escolha muito simples:

"Mantenha-se focado sobre os palestinos se assim desejar, porém não se surpreenda se um dia você acordar e descobrir um Oriente Médio com bombas atômicas".

Fato é que em vários jornais que pesquisei nada se fala sobre as pretensões armamentistas dos países árabes em torno de Israel. Não significa que o colunista do Jerusalem Post esteja blefando, mas trata-se de uma informação que se deve manter reverberando na memória.

Até que ponto esta pretensão irá se concretizar não é possível saber. Caso haja uma mínima chance de ser real, um futuro ameaçador aguarda os habitantes da região.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Obama e o discurso histórico

Quem estipula a historicidade dos discursos e dos homens?

Por um bom tempo as pessoas falarão de Barak Obama (foto acima), senador de Illinois, candidato a candidato do Partido Democrata na corrida presidencial norte-americana. Num país em que a questão racial é fortíssima, o fato dele ser negro fomentou debates acerca de uma racialização da disputa eleitoral.

Há até uns poucos meses atrás, ele se esforçava para desvincular de si e de suas pretensões políticas toda e qualquer associação com a questão dos direitos dos negros nos EUA. Ele defendia uma agenda política para além desta discussão, auto-proclamando-se como o candidato da mudança e das oportunidades que a nação americana fornecia a seus cidadãos.

Recentemente, no entanto, tensões internas em seu comitê eleitoral, obrigaram-no a rever sua posição. Com maestria, segundo a imprensa norte-americana, ele "inaugurou a terceira via na questão racial". Ou seja, o discurso que fez esta semana distanciou-se das posições extremadas, representadas por Martin Luther King e Malcom X, enveredando pelo caminho do meio, mais conciliador e abrangente.

Não tratarei aqui da questão racial nos EUA, mas acerca de outra questão. Abordarei a definição do que é um discurso histórico. Pois conforme os jornais,

Líderes comunitários, historiadores, políticos e ativistas de direitos humanos, aplaudiram este novo estilo de chamamento pela união racial, que, segundo muitos, garante para Obama um lugar na História do país mesmo que ele perca as eleições.

Quem é que pode dizer se um discurso guinda alguém a um lugar na História? Quem escreve a História? Longe de mim desmerecer ou diminuir a fala do senador norte-americano. Meu propósito é fazer pensar no regime de definição daquilo que é ou não "entrar para a História".

Certamente, nas comunidades mais oprimidas, e sem visibilidade midiática, existem ativistas com discursos dos mais diferentes matizes e não seria improvável que houvesse um homem ou uma mulher defendendo a união das minorias raciais. Contudo, seus discursos não entram para a História?

Sim, entram para a História da comunidade a qual se dirigem.

sexta-feira, 14 de março de 2008

"Cristianismo Redivivo" outra vez

Colunista de revista de espiritismo volta a propor diálogo assimétrico entre a História e a Fé religiosa

Em posts anteriores comentei a coluna da revista "Reformador", órgão de divulgação da Federação Espírita Brasileira, criada com o propósito de "preencher as lacunas" da pesquisa histórica sobre Jesus e o Cristianismo Primitivo e chamada "Cristianismo Redivivo".

Na edição da revista deste mês de março o Sr. Haroldo Dutra Dias volta ao assunto. Só agora notei um outro detalhe importante da coluna: seu subtítulo. Além do alegado diálogo, o autor pretende contar também a "História da Era Apostólica". Até o presente momento, porém, está só na intenção, pois nada foi escrito a respeito.

História da "era" apostólica à parte, vamos ao que me (des)interessa.


Um longo itinerário foi percorrido para que pudéssemos resumir as fases da pesquisa histórica sobre o Cristianismo, antes de compará-la com o material revelado pela Espiritualidade superior.


Foi preciso muita paciência para acompanhar o "longo itinerário" percorrido pelo colunista. Da pesquisa histórica mesma ele escolheu aqueles trabalhos que o interessavam à medida que reiteravam e atestavam o seu ponto de vista peculiar e os seus propósitos apologéticos confessionais.


Novamente, utilizamos como epígrafe a citação do historiador John P. Meier, (...), considerado um dos mais eminentes pesquisadores bíblicos de sua geração.


O "novamente" aparece aqui, não pelo simples fato de Meier retornar ao texto da coluna, mas porque o Sr. Dias quer novamente convencer seus leitores de que a pesquisa histórico-científica sobre Jesus é limitada em todos os sentidos. Como Meier acentua que o Jesus real, isto é, o camponês judeu que viveu na Palestina do século I está irremediavelmente inacessível nos tempos atuais, o Sr. Dias toma isto como a senha para vaticinar a insuficiência da pesquisa historicamente orientada.

Propondo como solução um "diálogo com a Doutrina Espírita", sem a intenção de "desprezar a Ciência, desprezar suas conclusões, numa atitude mística incompatível com a fé raciocinada".

O que vêm a seguir são citações de Allan Kardec e do espírito Emmanuel que retratam o Cristo da fé conforme as premissas do espiritismo. Implica dizer, sai de cena o Jesus histórico e entra o Jesus "espírito puro", "governador espiritual da Terra", blá-blá-blá.

Acompanhando os argumentos do colunista, ou a tentativa de diálogo, observa-se:


... os instrumentos científicos da moderna pesquisa histórica não são capazes de nos mostrar o "Jesus real". Talvez seja essa a razão pela qual os historiadores, como demonstrado nos artigos anteriores, acabam por apresentar uma imagem distorcida de Jesus.


"Imagem distorcida de Jesus"? Não se pode negar a legitimidade do desejo do Sr. Dias em fazer prevalecer a sua opinião sobre qual seja a "real" imagem de Jesus. É esta uma das atribuições do discurso religioso: mostrar que a ciência é incapaz de expressar a realidade das coisas e que só a revelação espiritual é a dona da Verdade.

Do ponto de vista da fé o esforço do Sr. Dias está corretíssimo. Mas ele se engana ao sustentar que o Jesus "real" é o que ele retrata. Pelas citações que faz, fica claro que ele diviniza Jesus e, enfim, o que está propondo aos seus leitores e simpatizantes é o Jesus do espiritismo.

sexta-feira, 7 de março de 2008

Eleições na Rússia (parte 3)

Independent: eleição de cartas marcadas. Onde está a democracia?

Continuo, com certo atraso, a apresentar e analisar as coberturas jornalísticas estrangeiras sobre as eleições presidenciais russas. Quem leu o último post deve estar com a abordagem de O Globo ainda na lembrança. Caso não, recomendo reler a parte 2.

Prossigo, portanto, trazendo para reflexão, a matéria que saiu no jornal inglês The Independent do dia 2 de março. Comparando a sucessão presidencial às bonequinhas russas (imagem acima), o diário inglês começa o texto apontando para um fato amplamente conhecido: que a eleição apenas vinha confirmar que Medvedev seria o sucessor de Putin.

"Sua eleição (de Medvedev) era uma conclusão prévia desde que o Presidente que estava deixando o posto deu-lhe apoio", assinala a matéria. Implica dizer, tirando o jornal O Globo, um amplo consenso de analistas internacionais dava como certa a vitória do candidato governista antes mesmo do resultado das urnas.

Pelas evidências de um jogo de cartas marcadas, pode-se afirmar, como fez o jornal carioca, que a vitória de Medvedev foi legítima?

O Independent menciona também, semelhante a o que os outros periódicos comentaram, que a oposição ao candidato da situação foi escolhida a dedo a fim de não se tornarem um perigo para sua vitória. Se apenas um jornal estrangeiro tivesse oferecido este argumento, seria até de se desconfiar. Entretanto, como são vários compartilhando da idéia (ou da informação), é necessário pensar seriamente nisto.

Em outras palavras, os diários estão considerando que, na Rússia, a oposição (1) não teve força o suficiente para contrapor um discurso atraente e alternativo e (2) foi desarticulada e manobrada pelas forças políticas situacionistas.

De fato, a conclusão que o jornal dá sobre as eleições russas frisa, ao mesmo tempo, a incapacidade dos partidos políticos oposicionistas de renovarem suas lideranças nos últimos 20 anos e de surgir um político capaz de fundar um novo partido no país. Tudo isto redundando na pobreza do desenvolvimento da democracia russa.

segunda-feira, 3 de março de 2008

Eleições na Rússia (parte 2)

The Economist vs. O Globo

Propus no post anterior que seria mais interessante conferir o noticiário internacional acerca das eleições presidenciais no país de Gorbachev antes de verificar os periódicos brasileiros. Entretanto, vou romper com esta sugestão e realizar uma pequena análise comparativa entre a excelente revista britânica (quem acompanha meu blog sabe que eu sou leitor assíduo dela) The Economist de ontem e o jornal O Globo de hoje.

Começando pelo título:

Economist - "Um vitória feia: Vitória fácil de Dmitry Medvedev na eleição presidencial russa não lhe dá legitimidade".

O Globo: "Urnas dão continuidade à era Putin: vitória folgada em pleito e alto índice de comparecimento legitimam Mevdedev".

Agora, por exemplo, a alegação de uma eleição "democrática":

Economist - "Esta eleição fez muitos russos, incluindo os que votaram em Medvedev, sentirem-se desconfortáveis. 'Não houve eleição', disse um jovem moscovita de classe média. 'Votei em Medvedev porque não havia outra escolha". Os candidatos da oposição que podiam ameaçar os interesses do Kremlin foram banidos da disputa. Em uma eleição sem uma oposição real, Medvedev garantiu sua vitória sem maquinações. Medvedev entra para a presidência sem, aos olhos de muitos, legitimidade".

O Globo - "Nos últimos dias, o governo fez campanha pedindo aos cidadãos que votassem, para garantir a legitimidade. Trenin (vice-presidente do Centro Caenegie em Moscou) reconhece que a campanha eleitoral não foi justa e que a oposição teve pouco espaço para aparecer, mas garante que o voto foi legítimo: 'Putin e seu protegido têm popularidade, o que é genuíno'".

Sobre a cobertura estrangeira das eleições:

Economist - "Foi pedido a observadores estrangeiros que ficassem de fora e não se intrometessem em assuntos domésticos russos" e "Nosso correspondente e seu colega foram então forçados a entrar no táxi e o motorista ordenado que os levasse para a embaixada britânica".

O Globo - "De acordo com a Comissão Central Eleitoral da Rússia, cerca de 300 observadores internacionais acompanham o pleito."

Nem parece que os dois órgãos de imprensa estão fazendo a cobertura do mesmo evento. Para os britânicos, o alto índice de comparecimento ao pleito, reforçado pelas denúncias de fraudes em vários currais eleitorais não garantem a legitimidade da eleição do pupilo de Putin. Já o jornal carioca estampa, já em seu título, que a eleição foi legítima.

Superficialmente falando, tudo parece estar ligado à idéia do que seja uma "democracia" para as duas publicações. Ou mais, as percepções políticas, britânica e brasileira, acerca do que garante um regime democrático. Se é o comparecimento da população em números expressivos às seções eleitorais ou se é a possibilidade de escolher sem pressões o seu candidato preferido.

Para o diário carioca, refletindo o pensamento político da classe dirigente no país, a democracia se faz, ou se legitima, quando a maioria da população exerce seu direito de voto. Não importando, todavia, se são os coronéis que decidem pelos eleitores.

domingo, 2 de março de 2008

Eleições na Rússia

A vitória de Dmitry Medvedev nas eleições presidenciais russas

Acompanhar as eleições presidenciais na Rússia através de jornais e revistas estrangeiras pode servir como parâmetro para avaliar a cobertura jornalística, aqui no Brasil, da mesma eleição.

Hoje, já sabemos o resultado do pleito e quem será o presidente da grande potência pelos próximos quatro anos. De acordo com o levantamento de boca-de-urna, o candidato da situação, Dmitry Medvedev, superou seus adversários na corrida para o Kremlin.

Antes de ler os jornais brasileiros, compensa ver como as publicações inglesas e americanas estão noticiando a corrida eleitoral e depois disso, tirar as próprias conclusões.

Segundo o New York Times, a eleição de hoje confirmou o escolhido de Putin. Em verdade, o jornal fala numa "eleição coreografada pelo Kremlin". Para o jornal americano, Medvedev posou, no decorrer da campanha, como um reformador, disposto a exterminar a corrupção endêmica e fazer imperar o cumprimento da lei em solo russo. No entanto, a questão-chave consiste em saber se o novo presidente será apenas um testa de ferro do todo-poderoso Putin.

Entrevistado pelo correspondente americano do jornal, Aleksei Makarkin, analista do Centro para Tecnologias Políticas, acredita que, embora se comente por lá a respeito da possibilidade de contradições entre os dois políticos, se isto vier a acontecer realmente não será algo muito sério.

Ademais, o resultado da eleição marcaria o clímax dos esforços de Putin para consolidar seu controle sobre o governo, os negócios e a mídia desde quando assumiu a direção do país há oito anos atrás. Crítico quanto aos oito anos da era Putin, o New York Times frisa que Putin sairá do cargo deixando a Rússia mais fortalecida economicamente, porém menos plural politicamente falando.

A ausência sentida de observadores estrangeiros, como é natural nestas circunstâncias, deveu-se, assinala o jornal americano, às muitas restrições impostas pelo governo russo ao trabalho das agências de monitoramento estrangeiras. Um eleitor russo afirmou, inclusive, que as eleições foram "claramente não-democráticas e que, em muitos lugares, autoridades locais exerceram forte pressão sobre as pessoas para que votassem em Medvedev".

A última questão que o New York Times propõe a seus leitores toma por base o comentário inteligente de um comentarista político, Andrei A. Piontkovsky, acerca dos motivos da escolha de Medvedev por Putin: "sua lealdade e um pouco mais".

Neste sentido, conclui o analista político: "Medvedev foi subordinado de Putin pelos últimos 20 anos - estando quimicamente condicionado a obedecer Putin". Some-se a este fator, um outro elemento: Putin escolheu alguém que possuísse o potencial mínimo de perigo para ele.

Aparentemente, portanto, na análise do New York Times, o novo presidente não seria mais do que uma marionete nas mãos de Putin.

sábado, 1 de março de 2008

Oriente Médio

Bombardeio em Gaza

Acompanho com vívido interesse o desenrolar dos conflitos no Oriente Médio, procurando ler diariamente todas as notícias referentes ao cotidiano da Palestina, buscando, com muita esperança, alguma mudança positiva na região. Implica dizer, a paz entre árabes e israelenses.

Estes dias o mundo presencia, mais uma vez, uma escalada de violência e mortes. O bombardeio israelense sobre a Faixa de Gaza deixou, até agora, um saldo de pelo menos 35 palestinos mortos e, conforme as autoridades médicas, dezenas de feridos graves.

Este post, no entanto, tem por objetivo avaliar como os jornais estrangeiros estão tratando este recente confronto. Começando pelo The Jerusalem Post.

Na edição de hoje do site do jornal, selecionei algumas matérias e editoriais. Entre elas, a matéria "47 palestinos mortos durante incursão da IDF na Faixa de Gaza".

Não sou versado em técnicas jornalísticas de redação, mas algo soa um pouco estranho. Como o título deixa claro, o jornal busca chamar a atenção do leitor para o fato de quarenta e sete palestinos terem sido mortos após ataque da força militar israelense. Contudo, as primeiras linhas do texto destacam a morte de DOIS soldados e CINCO feridos entre as tropas israelenses durante a operação militar cujo alvo é combater os foguetes lançados pelo Hamas contra cidades israelenses. No mesmo parágrafo, mas com menor destaque, o jornal informa que 47 palestinos foram mortos e pelo menos 40 ficaram feridos.

Continuando o texto, observa-se que a idade dos soldados israelenses mortos não passava dos 20 anos, mas as idades dos palestinos atingidos fatalmente sequer são mencionadas. Embora o jornal mencione a morte de um bebê e de dois adolescentes, na mesma linha em que isto é dito, entretanto, é frisado que Israel foi bombardeado por, no mínimo, 44 foguetes.

A impressão é que o jornal tenta justificar os ataques e minimizar as baixas civis do lado palestino.

Depois volto ao assunto.