quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

O Globo e a democracia

Chávez acuado

Inicio aqui uma série de posts mostrando a postura de O Globo em relação ao ditador disfarçado de democrata Hugo Chávez em vários editoriais e reportagens. Essa série, por sua vez, reconhece ser precária a amostragem, à medida que comecei a guardar os textos do dia 16 de janeiro de 2009 para cá.

No editorial de 16/01/09, portanto, o jornal carioca chama a atenção para dois fatos: a queda vertiginosa do preço do barril de petróleo e a aprovação, pelos congressistas venezuelanos, de um referendo cuja proposta é a modificação da Constituição daquele país.

Assim, o jornal da família Marinho assinala que quando o barril do petróleo estava com os preços nas alturas Chávez "bateu à vontade nas empresas estrangeiras" situadas na Venezuela enviando, inclusive, "fiscais a seus escritórios para verificar a contabilidade".

Pois bem, com os preços em queda acentuada, Chávez estaria "discretamente cortejando as companhias para que voltem a fazer prospeções no país". Segundo O Globo, essa informação pode ser checada no "New York Times".

Para o editorialista, os programas de cunho social e populista de Chávez dependem imensamente das cotações do petróleo e qualquer alteração desse quadro poderia "desestabilizar o país", ameaçando consideravelmente o poder do presidente.

Contudo, prossegue o periódico, a Assembleia Nacional, "controlada pelo caudilho", aprovou o referendo que possibilita a reeleição indefinida do ditador. Nesse sentido, o projeto dos congressistas, "ao inviabilizar a alternância no poder, é antidemocrático, para não dizer descaradamente autoritário".

Demonstrando todo seu apreço pela democracia na América Latina, o jornal faz votos sinceros para que regime chavista perca sua sustentabilidade na suposição de que as "massas" populares deixariam de apoiar o caudilho. Sem esse apoio, portanto, criar-se-ia a oportunidade ideal para a sociedade venezuelana "se organizar para avançar no caminho da redemocratização do país".