terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Rádio Rio de Janeiro

Minha participação no programa "Falando de Espiritismo"

Ontem estive, pela terceira vez, na rádio espírita "Rio de Janeiro" que pode ser sintonizada em 1400kHz AM. Fui ao programa "Falando de Espiritismo", dirigido pela super-simpática Martha Baptista.

Embora numa rádio confessional, num programa com orientação religiosa, compareci como historiador e pesquisador do Judaísmo e do Cristianismo Antigos. Fui lá para responder às perguntas que foram feitas a mim em minha ida anterior ao programa quando falei sobre "O Jesus Histórico".

Realmente, os ouvintes estão ávidos por saber coisas sobre o cristianismo primitivo. Foram muitos telefonemas, mais do que do costume, todos com perguntas as mais distintas possíveis. Ontem, fui com uma lista de oito perguntas, mas só consegui responder a metade. O tempo passa rápido e quando percebi já estava próximo do horário do fim do programa.

É que, na maioria das vezes, as perguntas se desdobram em dois ou mais assuntos e eu tento não deixar dúvidas pendentes. Daí porque eu acabei não tendo tempo para responder às perguntas do programa anterior. Já agendei um novo retorno ao programa, quando responderei as que ficaram faltando e mais as que me foram propostas ontem.

Isso é bom. Para mim, porque sou obrigado a pesquisar e acabo por aprender mais sobre a minha própria área de pesquisa; para o programa da Martha, que mostra que tem um bom público ouvinte e também para os ouvintes que têm a chance de ampliar seus conhecimentos.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

A caminho de Kandahar

Sem final feliz, como a vida.

Assim como a vida, filmes não precisam ter final feliz. Por causa de uma "educação" teleológica, que nos diz que, no fim, tudo dará certo, vivemos com a crença de que qualquer um conseguirá a realização plena. Que todos os objetivos serão conquistados, que todos os amores serão vividos. Que o príncipe ou princesa encantados existem e estão nos esperando na próxima esquina.

Em função deste discurso auto-ilusório, causa um grande impacto acompanhar o desenrolar do belíssimo filme-documentário de Mohsen Makhmalbaf, A caminho de Kandahar, torcer pelo destino da personagem Nafas, muito bem vivida pela atriz afegã Niloufar Pazira, esperar que ela consiga chegar na dita cidade antes que sua irmã cometa o suicídio, e, no fim da projeção, descobrir, angustiado, que ela não consegue...

Ao voltar para o país que abandonou devido à guerra, Nafas assume a missão de resgatar sua irmã do desejo de tirar a própria vida. Entretanto, sendo uma mulher, nada é fácil para ela quando tenta atravessar o país dos talebãs. O país em que as mulheres são obrigadas a se cobrirem por inteiro com as burkas, escondendo seus rostos, seus corpos, anulando suas identidades.

A cada passo da caminhada, em sua jornada salvacionista, a fome, a desolação, a morte, a desesperança, são algumas de suas companheiras. Cada pessoa com quem ela trava relações, do velho a quem ela paga para se fazer passar por esposa, do menino talebã que lhe guia pelo deserto, do médico ao talebã malandro, fazem-nos crer que ela irá alcançar seu propósito.

Afinal, "nada acontece por acaso", e, mesmo no país do fanatismo e obscuridade dos talebãs, uma mulher, sozinha, tem que conseguir chegar a Kandahar. Bem, não chega a ser uma decepção descobrir que seu objetivo não é alcançado. Pois, não dá mais para continuar sendo ingênuo e pensar que tudo obedece a uma ordem e que todos terão um "happy end".