sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Eleições presidenciais no Uruguai (parte 2)


"Urnas confirmam segundo turno"

O Jornal do Brasil, na mesma data de O Globo, não destacou em sua capa, nem em editorial, o resultado das eleições presidenciais uruguaias limitando-se a informar a necessidade de um segundo turno.

Segundo o jornal, o resultado "ratificou a divisão do país de 3,3 milhões de habitantes entre uma esquerda que se mostrou moderada em sua primeira gestão e a centro-direita tradicional".

Por que o JB abordou dessa forma as eleições uruguaias?

Para O Globo, o resultado expressou o amadurecimento democrático da sociedade uruguaia. Para o JB, a divisão dos uruguaios.


quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Eleições presidenciais no Uruguai




















O Uruguai dá o exemplo

Escrevo este post para comparar visões sobre as eleições recentes no nosso vizinho Uruguai. Em verdade, meu interesse surgiu quando li na primeira página de O Globo (27/10/2009) a chamada: "Uruguai: direita mais forte para o 2° turno". E, abaixo dessa chamada, o regozijo do jornal carioca com o triplo êxito da direita uruguaia.

No entanto, apesar de a chamada poder ser interpretada de diferentes maneiras, tanto a favor quanto contra as pretensões do partido Frente Ampla , que governa o país, e seu candidato José "Pepe" Mujica (foto), em afirmar sua vitória já no 1° turno, foi o título do editorial desse mesmo dia que me atraiu: "Exemplo uruguaio".

Que exemplo o jornal estaria falando, me perguntei.

Assim, não havia outra coisa a fazer a não ser ler o dito editorial. Segundo o jornal, mostra-se um alento que o Uruguai esteja vivenciando seu processo político-eleitoral "sem sustos". Afinal, continua o texto, num continente repleto de "projetos continuístas" e, por conseguinte, "antidemocráticos", o fato de o Uruguai respeitar a regra democrática comezinha "da rotatividade no poder" mereceria destaque pelo "bom exemplo".

Mais que isso, o jornal creditou à sociedade uruguaia o resultado do pleito. Com efeito, o que se viu, afirma o editorial, foi a consolidação de práticas democráticas garantidoras de uma "experiência eleitoral sem turbulências", à medida que estaria em curso, na América Latina, "um perigoso ciclo de autoritarismo lastreado em referendos e plebiscitos, usados por líderes populistas para destruir a democracia representativa, e instituir regimes autocratas, caso de Venezuela, Bolívia e Equador".

Ademais, embora dirigido por um partido de esquerda, o Uruguai, conclui o editorial, "parece ter desenvolvido providenciais anticorpos em defesa das liberdades".

Ou seja, se eu entendi corretamente, a ocorrência de eleições presidenciais no Uruguai e a aceitação de seu resultado é que denotaria o "bom exemplo" aludido.