quinta-feira, 20 de março de 2008

Obama e o discurso histórico

Quem estipula a historicidade dos discursos e dos homens?

Por um bom tempo as pessoas falarão de Barak Obama (foto acima), senador de Illinois, candidato a candidato do Partido Democrata na corrida presidencial norte-americana. Num país em que a questão racial é fortíssima, o fato dele ser negro fomentou debates acerca de uma racialização da disputa eleitoral.

Há até uns poucos meses atrás, ele se esforçava para desvincular de si e de suas pretensões políticas toda e qualquer associação com a questão dos direitos dos negros nos EUA. Ele defendia uma agenda política para além desta discussão, auto-proclamando-se como o candidato da mudança e das oportunidades que a nação americana fornecia a seus cidadãos.

Recentemente, no entanto, tensões internas em seu comitê eleitoral, obrigaram-no a rever sua posição. Com maestria, segundo a imprensa norte-americana, ele "inaugurou a terceira via na questão racial". Ou seja, o discurso que fez esta semana distanciou-se das posições extremadas, representadas por Martin Luther King e Malcom X, enveredando pelo caminho do meio, mais conciliador e abrangente.

Não tratarei aqui da questão racial nos EUA, mas acerca de outra questão. Abordarei a definição do que é um discurso histórico. Pois conforme os jornais,

Líderes comunitários, historiadores, políticos e ativistas de direitos humanos, aplaudiram este novo estilo de chamamento pela união racial, que, segundo muitos, garante para Obama um lugar na História do país mesmo que ele perca as eleições.

Quem é que pode dizer se um discurso guinda alguém a um lugar na História? Quem escreve a História? Longe de mim desmerecer ou diminuir a fala do senador norte-americano. Meu propósito é fazer pensar no regime de definição daquilo que é ou não "entrar para a História".

Certamente, nas comunidades mais oprimidas, e sem visibilidade midiática, existem ativistas com discursos dos mais diferentes matizes e não seria improvável que houvesse um homem ou uma mulher defendendo a união das minorias raciais. Contudo, seus discursos não entram para a História?

Sim, entram para a História da comunidade a qual se dirigem.

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