domingo, 2 de março de 2008

Eleições na Rússia

A vitória de Dmitry Medvedev nas eleições presidenciais russas

Acompanhar as eleições presidenciais na Rússia através de jornais e revistas estrangeiras pode servir como parâmetro para avaliar a cobertura jornalística, aqui no Brasil, da mesma eleição.

Hoje, já sabemos o resultado do pleito e quem será o presidente da grande potência pelos próximos quatro anos. De acordo com o levantamento de boca-de-urna, o candidato da situação, Dmitry Medvedev, superou seus adversários na corrida para o Kremlin.

Antes de ler os jornais brasileiros, compensa ver como as publicações inglesas e americanas estão noticiando a corrida eleitoral e depois disso, tirar as próprias conclusões.

Segundo o New York Times, a eleição de hoje confirmou o escolhido de Putin. Em verdade, o jornal fala numa "eleição coreografada pelo Kremlin". Para o jornal americano, Medvedev posou, no decorrer da campanha, como um reformador, disposto a exterminar a corrupção endêmica e fazer imperar o cumprimento da lei em solo russo. No entanto, a questão-chave consiste em saber se o novo presidente será apenas um testa de ferro do todo-poderoso Putin.

Entrevistado pelo correspondente americano do jornal, Aleksei Makarkin, analista do Centro para Tecnologias Políticas, acredita que, embora se comente por lá a respeito da possibilidade de contradições entre os dois políticos, se isto vier a acontecer realmente não será algo muito sério.

Ademais, o resultado da eleição marcaria o clímax dos esforços de Putin para consolidar seu controle sobre o governo, os negócios e a mídia desde quando assumiu a direção do país há oito anos atrás. Crítico quanto aos oito anos da era Putin, o New York Times frisa que Putin sairá do cargo deixando a Rússia mais fortalecida economicamente, porém menos plural politicamente falando.

A ausência sentida de observadores estrangeiros, como é natural nestas circunstâncias, deveu-se, assinala o jornal americano, às muitas restrições impostas pelo governo russo ao trabalho das agências de monitoramento estrangeiras. Um eleitor russo afirmou, inclusive, que as eleições foram "claramente não-democráticas e que, em muitos lugares, autoridades locais exerceram forte pressão sobre as pessoas para que votassem em Medvedev".

A última questão que o New York Times propõe a seus leitores toma por base o comentário inteligente de um comentarista político, Andrei A. Piontkovsky, acerca dos motivos da escolha de Medvedev por Putin: "sua lealdade e um pouco mais".

Neste sentido, conclui o analista político: "Medvedev foi subordinado de Putin pelos últimos 20 anos - estando quimicamente condicionado a obedecer Putin". Some-se a este fator, um outro elemento: Putin escolheu alguém que possuísse o potencial mínimo de perigo para ele.

Aparentemente, portanto, na análise do New York Times, o novo presidente não seria mais do que uma marionete nas mãos de Putin.

Nenhum comentário: