quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Racistas são estúpidos

Racismo e baixo Q.I.

Quem consulta com certa frequência publicações científicas, ou que toma conhecimento das novidades por meio de revistas de divulgação vendidas em bancas de jornais, sabe que de vez em quando surgem pesquisas que acendem polêmicas.

Uma das mais recentes, tem tudo para suscitar debates acalorados se ganhar projeção midiática. Conforme o autor desse estudo, Dr. Gordon Hudson, o racismo e a filiação política conservadora estariam intrinsecamente ligados a baixos níveis de Q.I.

A ideia central da pesquisa é que pessoas com baixo Q.I. gravitam em torno de ideologias socialmente conservadoras indicando resistência a mudanças de ideias. E, Hudson explica, para essas pessoas de baixa inteligência, adotar essas formas de ideologia que conferem "estrutura e ordem" tornam mais fácil "compreender um mundo complicado".

Assim, consultado pela reportagem, o Dr. Brian Nosek, psicólogo da Universidade de Virgínia, concorda com os resultados da pesquisa, frisando que ideologias impõem soluções mais simples, de modo que não é, segundo ele, "surpreendente que pessoas com menos capacidade cognitiva sejam atraídas por ideologias simplificadoras".

Apesar de os argumentos do Dr. Hudson parecerem convincentes, eles carregam problemas. Com efeito, no século XIX, vários intelectuais europeus partilhavam de uma mentalidade etnocêntrica e qualificavam negros, asiáticos e outras etnias como bárbaras e, portanto, inferiores. Não consta que intelectuais racistas desse porte tivessem baixo Q.I.

Praticamente todos os europeus do século XIX, fossem filósofos, homens de ciência, religiosos, eram etnocêntricos, logo, racistas. Como exemplo, o criminalista italiano Cesare Lombroso e sua fisiognomonia, um desdobramento científico do racismo próprio daquele século e que angariou muitos adeptos, na Europa e no Brasil.

A fisiognomonia pensou ter a capacidade de descrever "a índole de uma pessoa através da análise de seus traços físicos particulares" (OLIVEIRA, 2004:56). Hoje é sabido que faltava-lhe qualquer fundamento científico sério, mas, na época, foi instrumento de reforço dos preconceitos da sociedade burguesa. Sendo inclusive utilizada como esteio para discursos religiosos racistas do tipo que estabeleciam diferenciações entre raças superiores e raças inferiores.

Em suma, cientistas das mais diferentes especialidades e de diferentes períodos históricos empregam dados de suas pesquisas para reforçar (Lombroso) ou desqualificar (Hudson) o racismo. Cumpre ressaltar que, com ou sem fundamento científico, os racistas ainda se fazem presentes na sociedade atual. O vídeo abaixo contém algumas cenas fortes, mas é para relembrar que a ignorância é o principal mal a se combater:



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
OLIVEIRA, Pedro P. A Construção social da masculinidade. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2004.

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