domingo, 29 de julho de 2012

A Álgebra é necessária?



No Sunday Review de ontem (29/07), caderno de opiniões do New York Times, Andrew Hacker, professor de Ciência Política no Queens College, publicou um longo texto em que discute um grave problema no sistema educacional nos EUA.


Especificamente, os baixos rendimentos obtidos pelos alunos estadunidenses, desde os níveis mais fundamentais até o nível superior, em álgebra. Com efeito, Hacker reconhece o quão importante é aprender matemática. Entretanto, ele também considera que quanto mais examina essa questão, mais claro fica para ele que os argumentos utilizados para defender o ensino de álgebra estão largamente ou completamente errados, à medida que eles - os argumentos - não se sustentam em pesquisas ou evidências.


O autor então menciona dados numéricos impressionantes que mostram que muitos alunos em alguns estados dos EUA não são aprovados, segundo vários professores com quem ele conversou, por causa fundamentalmente da álgebra.


E como muitos alunos repetem mais de um ano, acabam desistindo de estudar. Além disso, somente 58% dos alunos que ingressam no nível superior concluem o bacharelado. O principal impedimento à graduação: matemática.


Ademais, não se observa com clareza que a matemática ensinada tenha qualquer relação com o raciocínio quantitativo exigido no mercado de trabalho. Não obstante, antes que um cético venha advogar a dispensa da álgebra do currículo escolar, Hacker afirma que a culpa não é da disciplina. Antes, ele insiste na necessidade de as pessoas adquirirem habilidades básicas com números.


Porém, uma análise feita pelo Georgetown Center on Education and the Workforce mostra que na próxima década meros 5% da mão de obra terá necessidade de ser eficiente em álgebra. Apesar disso, Hacker concorda amplamente com Peter Braunfeld que assevera que nossa civilização entraria em colapso sem a matemática.


Por essa razão, ele lista uma série de situações cotidianas que seriam impossíveis sem o conhecimento da matemática. Por exemplo, calcular os impactos das mudanças climáticas, só para citar um assunto da moda. Em seu ponto de vista, não precisamos de livros com fórmulas, mas de um maior entendimento sobre os números e o que eles trazem consigo. Nesse sentido, muito embora a matemática implique desenvolvimento intelectual, não há "evidências de que ser capaz de provar que (x² + y²)² = (x² - y²)² + (2xy)² leva alguém a ter opiniões políticas ou fazer análises sociais dignas de crédito".

Assim, em vez de investir tanta energia acadêmica ensinando matemática para quem não necessitará dela - neste caso, Hacker refere-se a poetas ou filósofos - seria hora de pensar em alternativas. Os professores de matemática, portanto, ensinariam menos equações e pensariam maneiras de familiarizar os estudantes com tipos de números que delineiam e descrevem nossas vidas públicas e privadas. Por conseguinte, aos estudantes seria ensinado como calcular taxas de inflação, o que é incluído e como cada item pesa nos índices de preços.


Fechando suas ideias, Hacker frisa que não há por que forçar os estudantes a aprender ângulos vetoriais e funções descontínuas. O ensino de matemática deveria ser voltado para as áreas em que ela tivesse aplicabilidade.


Não sei... Você tem alguma alternativa ou sugestão? 










Um comentário:

Aldrin Iglesias disse...

Boa tarde, Ilmar.

Bom, serve como curiosidade: você já conferiu a matemática cobrada nos concursos públicos? No ensino médio é pedido até a sétima série, o que é basicamente 70% ou menos.
Para cargo de ensino superior é pedido um pouco mais.

O que eu conclui é que pelo menos 30 ou 40% é dispensável daquilo que se ensina de matemática.

Por outro lado... Investir em uma matemática muito "prática" pode ser ruim para estimular o raciocínio abstrato.

Abraços!