quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Jefferson e Adams: homens do Iluminismo (parte 2)


As cartas entre Thomas Jefferson e John Adams

Continuando o post anterior, Ignatius observa que Adams (o simpático velhinho da imagem aqui postada), numa carta enviada a Jefferson (o senhor do post anterior) em 20 de junho de 1815, referira-se a:

"A questão diante da raça humana é se o Deus da natureza deve governar o mundo por Suas próprias leis, ou são os sacerdotes e reis que devem regê-lo por milagres fictícios?"

Atenta Ignatius que Adams desconfiava de sacerdotes e reis, mas que também se mostrava cético em relação aos filósofos revolucionários que tinham arruinado-os na França.

Na resposta de Jefferson a Adams, remetida em 5 de maio de 1817, aquele assevera a este sobre a "verdadeira religião" tal como baseada "em preceitos morais inatos no homem" e a "doutrina sublime do filantropismo e do deísmo ensinados por Jesus de Nazaré". Jefferson, continua Ignatius, contrastava assim, a verdadeira fé aos "dogmas sectários".

E se caso a versão sectária prevalecesse, preocupava-se Jefferson, melhor seria, portanto, concordar com as especulações de Adams, ou seja, de que "este seria o melhor dos mundos se não houvesse religião nele".

Em outra missiva de Adams, do dia 4 de novembro de 1816, portanto, anterior a esta de seu companheiro, ele declara:

"Temos agora uma Sociedade Bíblica nacional, para propagar a Bíblia do Rei James por todas as nações. Não seria melhor aplicar estas pias subscrições para purificar a Cristandade das corrupções do Cristianismo do que propagar aquelas corrupções na Europa, Ásia, África e América?"

Ignatus frisa que os Fundadores acreditavam em Deus, mas para muitos dentre eles, sua fé era uma questão profundamente privada, tal como Jefferson, em carta do dia 11 de janeiro de 1817, assinalara a respeito da sua fé, ou seja, "conhecida por meu Deus e por mim apenas". Com efeito, para eles, a demonstração pública da religiosidade consistia numa profanação de seu exercício interior e espiritual.

Na atual campanha presidencial nos EUA, destaca Ignatus, um dos temas tem sido definir se seu país sairá das políticas baseadas na fé que a administração Bush tem celebrado como a proposta mais racional e secular. Neste debate, religiosos conservadores gostam de enfatizar sua ligação com os Fundadores e com o nascimento da Nação como "uma nação sob Deus". No entanto, uma releitura das cartas entre Jefferson e Adams relembraria aos americanos, conclui Ignatus, que neste debate os Fundadores, como "homens do Iluminismo", estariam do lado do partido da Razão.

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