quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Um mórmon na Casa Branca? (parte 2)


"Não confundi os ensinos particulares de minha Igreja com as obrigações do cargo de governador e a Constituição", afirma Romney no discurso.

Em decorrência disto, o pré-candidato religioso garante aos eleitores que, na Presidência de seu país, também não confundirá as estações. Quem viver, verá...

O discurso segue numa insistente auto-defesa de que as questões religiosas, de forma alguma, interferirão na condução das políticas norte-americanas. "Quando eu coloco minha mão sobre a Bíblia e faço o juramento, este juramento torna-se minha mais alta promessa a Deus", garante Romney com toda a convicção.

Assim, se superar seus adversários, Romney afirma que "não servirá a nenhuma religião, a nenhum grupo, a nenhum interesse", pois um presidente, "deve servir apenas a causa comum do povo dos Estados Unidos".

Eu juro que vou me esforçar para acreditar nesta última consideração. Ah, vou mesmo... Afinal, quem não gosta de ser enganado por políticos???

Creio que, até este ponto, já dá para divisar com quem o pré-candidato republicano está dialogando. Com aquela parcela do eleitorado que oferece resistência a candidaturas políticas de filiação religiosa. Ou que tem severas dificuldades com os mórmons... Pronto, mais um assunto que me proponho a pesquisar em breve. Um assunto sempre puxa outro, não tem jeito.

Prosseguindo em sua fala, Romney afirma que "eles" prefeririam que ele simplesmente se distanciasse de sua religião, dizer que ela mais uma tradição do que sua convicção pessoal ou repudiar um ou outro de seus preceitos. No entanto, "isto é o que eu não farei", ressalta o pré-candidato.

"Eu acredito na minha fé mórmon e empenho-me para vivê-la. Minha fé é a fé de meus pais - eu serei verdadeiro com eles e com minhas crenças", corajosamente diz Romney.

Se concorda com a necessária separação entre religião e política, Romney, contudo, acredita que da forma atual, esta separação está muito além de seu significado original. Para ele, os Fundadores não aprovavam a eliminação da religião do espaço público. (Pelo visto, aqui já podemos observar uma das motivações de Ignatius em sua coluna)

Por este motivo, ele, como presidente, promete ter cuidado para "separar os negócios do governo de qualquer religião, porém não nos separarei de 'Deus que nos concedeu a liberdade'".

O resto do discurso não faz menções significativas aos Pais Fundadores que mereça comentário, mas segue no mesmo tom, ou seja, prevenir o eleitorado que sua condição de mórmon não implica obstáculo, nem a sua candidatura ou a uma eventual ocupação da presidência. Muito pelo contrário...

Em suma, a oposição de Ignatius ao discurso de Romney parece fundamentar-se em sua leitura pessoal das convicções religiosas dos Fundadores. Se, de fato, eles se opunham a uma religião pública, o ex-governador se engana em suas proposições. Nada mais justo, portanto, que sugerir um reexame das cartas por eles trocadas de forma a não manter uma opinião equivocada.

Hum... Acho que vou pesquisar este tema!

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