sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Suicídios em massa são apagados dos livros

Ministro da Educação, Ciência e Tecnologia do Japão aprova reintrodução de alusão a crimes cometidos durante a 2ª Guerra, afirma jornal japonês Daily Yomiuri

Não é coincidência, mas a matéria do jornal japonês, disponível no site do próprio ou no da BBC de Londres, ilustra o pensamento de Marc Ferro que expus em tópico anterior.

O episódio apagado dos livros escolares diz respeito ao envolvimento de militares das Forças Armadas do Japão no decorrer da Segunda Guerra Mundial nos suicídios em massa ocorridos na cidade de Okinawa.

A aprovação das correções pelo Ministério, conforme assinala o jornal, é sem precedentes na história do país. No texto original suprimido havia referências a "coerção dos militares" para que os habitantes de Okinawa se suicidassem.

Segundo a reportagem do jornal japonês, os editores de livros didáticos foram forçados a deletar as referências à coerção dos militares quando os livros já estavam no processo de impressão. Como reclamaram do fato, o Conselho do Ministério da Educação procurou ouvir a opinião de nove especialistas em história militar e na Batalha de Okinawa. Quer dizer, consultaram historiadores...

Os especialistas afirmaram, conforme a edição em inglês do jornal Daily Yomiuri, que "do ponto de vista dos habitantes de Okinawa eles foram levados ao suicídio por uma série de circunstâncias e fatores", acrescentando que a pressão dos militares foi um dos fatores principais.

Entretanto, continuaram os experts consultados, se ordens diretas foram expedidas para os suicídios, "não há como este ponto ser confirmado". Protestos realizados na prefeitura de Okinawa (nem o jornal, nem o site da BBC dizem quem foram os protestantes) foram importantes e forçaram o ministro a permitir que os livros escolares contivessem após a expressão "com o envolvimento de militares japoneses" esta outra "o povo foi levado a cometer suicídios em massa".

Em resumo, todos saíram em desvantagem. Pôr na publicação "envolvimento" e não "coerção", ameniza o papel dos militares, mas responsabiliza os moradores de Okinawa pelo gesto suicida. De qualquer maneira, confirma-se o dito de Marc Ferro a respeito dos organismos que exercem controle sobre o nosso acesso ao passado.



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