terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Ciência e Religião (parte 3)

Um matemático sai em defesa do anti-evolucionismo

Após abordar o livro conciliador de Tina Beattie, Habgood passa a comentar outra obra escrita recentemente e que se insere na discussão com os novos ateus. Trata-se do livro "God's undertaker: has science buried God?" do matemático de Oxford, John Lennox. (No site da Amazon, é possível adquiri-lo por apenas 11 dólares, fora as taxas)

Habgood acha louvável que um matemático venha a público manifestar-se contra os "agentes funerários de Deus", alegando que a ciência não "sepultou Deus".

Para Lennox, o verdadeiro debate não é entre a ciência e a religião, mas sim, entre o naturalismo e o teísmo, em que o primeiro é definido como um sistema fechado de causa e efeito com nada além dele ou que o transcenda e o segundo, como um sistema que alega que a coerência observável na natureza é a evidência de sua criação por uma única mente.

Assim, Lennox indica que, longe de antagonizar a ciência, a crença na ordem racional do mundo material e a crença em um Criador mutuamente se sustentam. Esta é a deixa para Lennox defender a hipótese pseudo-científica do Design Inteligente.

Esta hipótese, criada no século XIX por um teólogo, tinha (e ainda tem) o propósito expresso de invalidar a teoria da seleção natural das espécies, mais conhecida como Darwinismo, contradizendo todas as evidências obtidas, há mais de um século, de que os organismos se adaptam ao meio, sofrendo mutações aleatórias adaptativas.

Os adeptos do Design Inteligente, assim, sem qualquer base empírica para seus argumentos, consideram que um "Designer" estaria por trás de todas as mudanças sofridas pelos organismos vivos, rejeitando o caráter aleatório das mutações que a evolução das espécies implica.

O empenho desses pseudo-cientistas é encontrar buracos na teoria darwinista e poder dizer que é nestas lacunas que Deus, isto é, o "Designer", se torna necessário. Estes religiosos disfarçados de homens da ciência ridicularizam a teoria evolucionista, garantindo que jamais um Boeing 747 surgiria após a passagem de um tufão por um ferro-velho cheio de porcas, parafusos, armários, cadeiras, rodas, panelas, manches, mostradores, etc.

Ao inferirem que um "Designer" inteligente estaria por trás de todos os processos naturais, acabam por esquivar-se quando chegam, por exemplo, notícias do nascimento de répteis com duas cabeças. Ora, por que o "Designer" não impede que isto aconteça? Não teria sido o acaso?

Ao fim e ao cabo, não importa que Lennox seja matemático de Oxford. Muito pelo contrário, conforme registra Habgood, ele se serve da matemática para referendar que só a existência de Deus explica os mistérios da vida e do universo. Assim, como o título de seu livro indica, a Ciência, em geral, e a Matemática, em particular, não enterraram Deus. Ao inverso, demonstram, de maneira irrefutável, a sua existência e presença.

Um comentário:

Blogildo disse...

A questão é répteis de duas cabeças não constituem uma espécie à parte. Todo animal que foge - "por acaso" - ao padrão genético nunca forma uma nova espécie padronizada.