quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Em defesa do Estado laico

Continua a peleja entre o El País e a cúpula da Igreja Católica na Espanha.

A situação permanece crítica no solo espanhol. Novamente, o diário El País vem, por meio de seu editorial, apontar o gesto político, disfarçado de campanha pela preservação da família, organizado pela Igreja Católica no último dia 30.

Para o jornal, as infundadas e mentirosas invectivas católicas contra o governo democrático do PSOE, sob a alegação de um retrocesso nos direitos humanos, não merece o silêncio como resposta. Alguns missivistas indevidamente reclamaram da postura anticlerical do editor do El País, mas a postura do diário nada mais faz do que defender uma conquista da modernidade que é a separação Igreja-Estado e o laicismo como uma opção sensata num mundo multi-religioso e em que as idéias religiosas servem de esteio para discursos que reiteram a desigualdade social como uma vontade de Deus.

Sustenta o El País que defender a secularização estrita do Estado não implica ir contra a Igreja, mas sim colocar a instituição milenar em seu devido lugar. Aliás, acusa de cínicas as alegações dos bispos espanhóis, faltando dois meses para as eleições gerais, por não exigir do PP, partido ligado a alta hierarquia da Igreja, na época em que este governou o país, contra-reformas na Carta Constitucional nas matérias sobre o aborto e o divórcio como faz insistentemente agora.

O governo espanhol não deve ceder às pressões da Igreja. E nem voltar atrás. Se a Religião, equivocadamente, faz oposição ao casamento entre homossexuais, ao divórcio, ao aborto, o faz como um direito que lhe cabe. No entanto, se o Estado laico abrir a guarda ao conservadorismo da Religião, abrirá graves precedentes para que as pesquisas com células-tronco, por exemplo, também sejam barradas.

Não se pode abrir mão, é claro, do diálogo. Faz parte do regime democrático. Mas em certos casos não há como não deixar de ser irredutível. Quem conhece a História sabe que há não muito tempo atrás, na Semana Santa, um judeu era escolhido e levado aos palácios reais para ser ofendido, em geral com cusparadas, pela culpa dos judeus na morte do Cristo.

Este abuso só era possível porque Igreja e Estado eram uma só entidade. A separação dos dois foi um acerto incalculável. Ela deve ser mantida a todo custo.

2 comentários:

Vai dar certo! disse...

Oi Lair.
Tbm fiz um blog novo.
Assi que me organizar direitinho, volto aqui para ler com calma e postar algo decente.
beijos.
Olivia

Como meu perfil é bloqueado, aí vai o endereço do meu blog para vc linkar. Deixa o seu lá que assim que eu organizar o layout, coloco o seu lá.
http://neanderthalzzzz.blogspot.com/

Blogildo disse...

Cheguei aqui indicado pela Olívia. Já gostei do blog. Uma das coisas que vivo defendo é justamente a separação Igreja x Estado. Por sinal, essa é a raiz de praticamente todos os males modernos.