sábado, 26 de janeiro de 2008

Redução de abortos

O que está por trás do declínio do número de abortos nos EUA?

O editorial do New York Times de hoje comenta novo estudo que revela como os EUA vem obtendo progresso na redução na taxa de abortos e que coincide com o aniversário de 35 anos da legalização da interrupção da gravidez conferida pela Suprema Corte do país. Contudo, garante o jornal americano, o progresso seria ainda maior se mais fosse feito para evitar a gravidez indesejada.

Entre 2000 e 2005, último ano do estudo realizado pelo Instituto Guttmacher, a quantidade de abortos ocorridos prematuramente baixou de 1,3 milhões para 1,2 milhões e a proporção dos casos de gravidez interrompidas pelo aborto também foi reduzida significantemente.

Os opositores do aborto, como o Comitê Nacional do Direito à Vida, apoderaram-se destes números e tem usado-os como arma de defesa em suas estratégias de demonização do aborto e tentar tornar mais difícil para as mulheres o realizarem. Conforme o editorial, vários estados estão, agora, e talvez por causa disto, dando ordem para sessões preliminares de aconselhamento às mulheres que desejam abortar.

Dois terços do declínio no total de abortos podem ser rastreados em oito jurisdições com poucas ou nenhuma restrições ao aborto -- Nova York, New Jersey, Massachusetts, Ilinois, Califórnia, Oregon, Washington e o distrito de Columbia. Estes lugares têm mostrado um compromisso com a educação sexual, como observa a presidente do Instituto Guttmacher, Sharon Camp, que é, por sinal, uma questão amplamente deixada de lado pela administração Bush que optou por recomendar a abstinência sexual aos cidadãos como única forma de prevenção à gravidez.

Assim, o New York Times frisa: prevenção funciona. Restrições ao aborto servem, principalmente, para causar malefícios às mulheres pobres, que postergam o aborto até um momento tardio e crítico da gravidez. Embora mudanças sociais possam alterar o comportamento de muitas pessoas, a melhor estratégia prática é focar sobre como ajudar as mulheres a evitar a gravidez indesejada.

O editorial destaca também que um dos achados da pesquisa diz respeito à droga RU-486, que permite interromper a gravidez com segurança nas primeiras semanas e sem risco de cirurgia. Neste sentido, o declínio na quantidade de abortos nas últimas décadas está sendo compensado pelo crescimento da oferta do remédio. Esta ampliação no acesso ao remédio ajuda a explicar, observa o jornal, a tendência positiva nos abortos prematuros. Há muito tempo se sabe que próximo de 90% dos abortos nos EUA ocorrem no primeiro trimestre de gravidez, mas o número dos que são feitos nas oito primeiras semanas têm crescido espantosamente.

Mais que isso, continua o editorial, em 2005, um em cada cinco casos de gravidez terminaram em aborto, destacando a necessidade de uma ênfase nacional sobre uma melhor educação sexual e mais acesso a remédios contraceptivos.

Ou seja, por trás da redução de abortos nos EUA estariam: (1) prevenção da gravidez mediante cuidados com a orientação sexual correta à população; (2) facilitação do acesso a drogas que interrompem a gestação com segurança

2 comentários:

Vai dar certo! disse...

oi Lair, ontem estava vendo na Tv um secretário de saúde de algum estado que está tendo problemas com a igreja porque vai distribuir pílulas do dia seguinte no carnaval. Soube dsso?
Acho um absurdo a igreja fazer pressão e tentar impor valores que não são comuns a todos. E a gravidez, assim como o aborto são questão de saúde pública!
Sou contra ao aborto, mas acho que informação e acesso a medicamentos são com certeza o melhor caminho contra uma gravidez indesejada. Muito melhor do que propagandear tabus e preconceitos. Afinal, ninguém vai parar de transar só porque a igreja é contra!

Vai dar certo! disse...

Esquecí de dizer que certa vez ví uma reportagem dizendo que o aborto provocado é maior entre as classes menos favorecidas.
Pode até ser, mas essa informação carece de precisão uma vez que aqueles que tem dinheiro para fazer com segurança farão nas clínicas de fazer anjos e jamais entrarão nas estatísticas.
Só vai parar em hospital quem se fode após tentar aborto pelos métodos mais arriscados ou perde naturalmente.